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15
nov 2015

História da Cirurgia Plástica Ocular no Brasil

postado em: Notícias

Definições

A Cirurgia Plástica Ocular pode ser definida como qualquer cirurgia que muda a forma dos anexos oculares (grego: plastos=transformar, mudar). Assim a cirurgia plástica ocular inclui o reparo das alterações de posicionamento palpebral, reconstrução palpebral e orbitária, conjuntivoplastia, blefaroplastia cosmética, cirurgia lacrimal, orbitotomias e cirurgias para tratamento de deformidades em cavidades anoftálmicas.

O termo conciso oculoplástica é freqüentemente utilizado no lugar de cirurgia plástica ocular e não deve ser confundido com o rearranjo cirúrgico dos tecidos oculares.

O  termo cirurgia plástica, por sua vez, foi introduzido por Carl Ferdinand von Graefe nos início do século XIX.

Primórdios da Cirurgia Plástica Ocular

O início da Cirurgia Plástica Ocular está profundamente ligado ao início da prática cirúrgica geral. Provavelmente a referência mais antiga de cirurgia plástica ocular é um trecho do código de Hamurabi (2250 AC), que aparentemente se referia ao tratamento de um saco lacrimal infectado. Existem referências de tratamento cirúrgico órbito-palpebral nos escritos de Hipócrates (460-380 AC) e Cornelius Celsus (25 AC-50 DC). Na literatura hindu, Susruta aparece como um grande cirurgião, com descrições sobre reconstruções e retalhos de nariz.

Na Idade Média, destacaram-se os cirurgiões árabes Ali ibn Isa (940-1010) e Albucasis (963-1013), no tratamento da ptose, dermatocálaze e triquíase.

Na Renascença, estudos anatômicos de André Vesalius (1514-1564) e Georg Bartisch (1535-1606) contribuíram para o melhor entendimento do bulbo ocular e anexos. Foi importante também, a contribuição de Ambroise Pare (1509-1590), que hoje é considerado o “Pai das Próteses Faciais”.

O século XVIII e XIX foram períodos férteis em publicações e descobertas na Itália, Inglaterra, França e Alemanha, onde cirurgiões como George Guthrie, John Dalrymple, Carl von Graefe, Johann Dieffenbach, von Ammon, Fricke, Eduard Zeis, William Bowmann e John Streatfeild para citar alguns dos nomes, que ainda podem ser lembrados como epônimos e descrições de técnicas cirúrgicas.

A Plástica Ocular como subespecialidade

Os americanos consideram o oftalmologista John Wheeler (1879-1938) como o “Pai da Cirurgia Plástica Ocular Contemporânea”. Wheeler escreveu uma série de artigos a respeito de reconstrução palpebral e técnicas de correção de entrópio. Outros pioneiros americanos no desenvolvimento da Cirurgia Plástica Ocular foram Edmund Spaeth (escreveu o primeiro livro dedicado à Cirurgia Plástica Ocular: Newer methods of Ophthalmic Plastic Surgery) e Wendell   Hughes (lembrado na técnica de reconstrução palpebral e na dedicação ao ensino e disseminação da subespecialidade).

Na época da Segunda Grande Guerra, a Cirurgia Plástica Ocular se tornou reconhecida  nos Estados Unidos e na Europa devido à atuação no tratamento de traumatismos palpebrais e orbitárias. Nessa época, destacaram-se as figuras de Byron-Smith, Henry Stalllard e John Mustardé. Nos Estados Unidos em 1969, discípulos de Byron Smith (Charles Beyer, Thomas Cherubini, Margaret Obear, George Buerger, Robert Wilkins e William Pidde), fuundaram a American Society of Ophthalmic Plastic and Reconstructive Surgery (ASOPRS), que atualmente é a entidade que congrega o maior número de especialistas na área.

A European Society of Ophthalmic Plastic and Reconstructive Surgery (ESOPRS) é outra associação com cerca de 200 filiados, onde atuam grandes nomes como John Mustardé, Richard Collin, Serge Morax, Giulio Bonovolontà e Juan Murube.

A Plástica Ocular no Brasil

sbcpo_logoEm novembro de 1974, numa reunião no Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, resolvem, o Dr. Eduardo Soares (Belo Horizonte), Dr. Eloy Pereira (Campo Grande) e o Dr. Evaldo Machado dos Santos (Rio de Janeiro) criarem o Centro Brasileiro de Cirurgia Plástica Ocular, cuja meta era congregar os oftalmologistas interessados na especialidade, divulgar os conhecimentos e desenvolver a Plástica Ocular no país.. A presidência do Centro primeiramente foi assumida pelo Dr. Eduardo Soares, com um mandato de dois anos.

Capa do livro Cirurgia Plástica Ocular, 1997 Editora Roca

Capa do livro Cirurgia Plástica Ocular, 1997 Editora Roca

Em 8 de setembro de 1979, durante o XX Congresso Brasileiro de Oftalmologia, assumiu a presidência do referido Centro Brasileiro de Cirurgia Plástica Ocular, o Dr. Eurípedes da Motta Moura (São Paulo), que juntamente com o Dr Waldir Portellinha, secretário, regularizaram juridicamente a entidade, transformando-a em Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCPO), o que permitiu que ela se afiliasse ao Conselho Brasileiro de Oftalmologia dois anos mais tarde. A  SBCPO é uma sociedade civil de caráter científico e sem fins lucrativos, com as mesmas metas anteriormente formuladas pelo Centro Brasileiro de Cirurgia Plástica Ocular .

Em 1997, foi lançado o livro Cirurgia Plástica Ocular, editado por Eduardo Soares, Eurípedes da Mota Moura e João Orlando Gonçalves, com participação… de 49 especialistas  em Cirurgia Plástica Ocular.

A SBCPO, em 1999, em evento coordenado pelo Dr. Hélcio Bessa, comemorou 25 anos de sua fundação com um encontro científico e homenagem aos fundadores da entidade.

Legenda: Da esquerda para direita: Dr. Evaldo Machado, Dr. Eduardo Soares e dr. Eloy Pereira. Foram carinhosamente denominados “Os três mosqueteiros da Plástica Ocular”

Legenda: Da esquerda para direita: Dr. Evaldo Machado, Dr. Eduardo Soares e dr. Eloy Pereira. Foram carinhosamente denominados “Os três mosqueteiros da Plástica Ocular”

Foto: Dr. John Mustardé e Dr. Eurípedes da Mota Moura, em setembro de 1997, Congresso de Goiânia

Foto: Dr. John Mustardé e Dr. Eurípedes da Mota Moura, em setembro de 1997, Congresso de Goiânia

Os fundadores

Evaldo Machado dos Santos

Nasceu em Jaguarão (RS) em 29/05/1916 e  formou-se em 1941 pela Faculdade de Medicina da Universidade do Rio Grande do Sul. Foi discípulo do prof. Ivo Correa Meyer.

Fundou o Serviço de Oftalmologia do Hospital Central da Aeronáutica no Rio de Janeiro. Especialista em estrabismo e cirurgia plástica ocular, foi um dos fundadores do Centro … e um de seus primeiros presidentes. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia em 1960 e 1961. Em 1965, junto com Joviano Rezende fundou os Oculistas Associados onde exerceu clínica particular durante 30 anos. Faleceu no Rio de Janeiro em 5/12/1999.

Eloy Pereira

Nasceu em Taubaté, SP em  20/1/1936 e cursou Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Rio de Janeiro (hoje UERJ). Estagiou em Edinburgo com o Prof. John Mustardé, com quem viria a colaborar com um capítulo no livro Repair and Reconstruction in the orbital region.

Exerceu chefia no Hospital Hospital Pedro Ernesto-RJ em 1963-67 ( prof. Werther Duque Estrada) e foi Vice-presidente regional do Sociedade Brasileira de Oftalmologia no biênio 1973-74 . Foi  professor Titular de  Oftalmologia da  Universidade Estadual do Mato Grosso e exerceu ainda o cargo de secretário de Saúde de Campo Grande, cidade onde vive e trabalha  atualmente.

Eduardo Soares

Nasceu em Belém do Pará em 5/10/1938. Cursou a Faculdade de Medicina do Pará e se especializou no Hospital São Geraldo  em  1965. Passou  um tempo na Escócia fazendo seu aperfeiçoamento com o Dr. John  Mustardé. Em 1968, o Prof. Hilton Rocha cria o Departamento de Cirurgia Plástica Ocular(o primeiro no Brasil), sendo que Eduardo Soares assumiu o cargo de chefia do setor.

Em 1986, o dr. Eduardo e o dr. Valênio Pérez França oficializaram perante o CBO o ensino da Plástica Ocular, criando assim o Curso de Extensão em Cirurgia Plástica Ocular. O curso em regime de dedicação exclusiva por um ano é pioneiro no ensino da especialidade, e desde então ininterruptamente tem formado especialistas na área de todo o Brasil e exterior, sendo até hoje o único curso oficial nestes moldes do país.

A SBCPO hoje

Atualmente com cerca de 120 sócios, a SBCPO tem lutado na reestruturação da entidade para proporcionar educação continuada, pesquisa e qualidade na prática clínica nos campos da cirurgia plástica, reconstrutiva e estética das pálpebras, vias lacrimais e órbita.

Os principais problemas enfrentados pelos profissionais da área referem-se a: honorários vis e convênios médicos, indenizações e processos crescentes contra médicos e as atitudes dominadoras e hegemônicas dos cirurgiões plásticos gerais e suas entidades em relação a outras especialidades que partilham o mesmo nicho profissional.

A SBCPO organiza anualmente dois eventos maiores (1 simpósio internacional e outro nacional no Congresso Brasileiro de Oftalmologia ou no Congresso de Prevenção da Cegueira)  além de participar de vários eventos regionais e internacionais. Em relação a publicações, a área de Cirurgia Plástica Ocular tem produzido trabalhos científicos de qualidade em publicações nacionais e estrangeiras.

Os centros de formação de novos especialistas se concentram principalmente nas instituições universitárias nas várias capitais, sendo que o maior número de especialistas se concentram em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Presidentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular

  • Eduardo Soares (MG)
  • Evaldo Machado dos Santos (RJ)
  • Eloy Pereira (MS)
  • Eurípedes da Mota Moura (SP)
  • Vicente Muniz de Carvalho (GO)
  • Waldir Portellinha (SP)
  • Valênio Perez  (MG)
  • Marilisa Nano Costa (SP)
  • Roberto Caldato (SP)
  • Hélcio Bessa (RJ)
  • Ana Rosa Pimentel Figueiredo(MG)
  • Antônio Augusto Velasco Cruz (SP)

Fontes de consulta

  • Revista Brasileira de Oftalmologia 2000;59(2): 148
  • Jornal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular
  • Depoimentos de membros da Sociedade
  • Dicionário bio-bibliográfico dos oftalmologistas do Brasil. Depto. Gráfico do Museu de Armas Ferreira da Cunha. Evaldo Campos, RJ, 1979
  • The American Society of Ophthalmic Plastic and Reconstructive Surgery: History of Ophthalmic Plastic Surgery, 1994

Agradecimentos

  • Abelardo Couto Souza Jr
  • Eduardo Soares
  • Eurípedes da Mota Moura
  • Hélcio Bessa
  • Henrique Kikuta
  • Valênio Pérez França
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29
jun 2015

Lacrimejamento na criança

postado em: Notícias
Uma das causas mais frequentes de lacrimejamento do bebê está relacionado ao entupimento do canal lacrimal.
Leia abaixo o que isso significa.

Na criança, a obstrução lacrimal mais frequente está relacionada ao próprio desenvolvimento do sistema lacrimal de drenagem. Quando a criança nasce, cerca de 30-40% ainda não completaram a abertura do canal para o nariz: uma fina membrana existe na porção final do canal. Essa membrana pode se romper ao longo dos meses espontaneamente ou com auxílio de massagens que a própria mãe pode fazer diariamente no canto medial da pálpebra. Caso haja infecções como conjuntivites de repetição ou muita secreção,  antibióticos locais na forma de colírio são utilizados. A persistência dos sintomas ou sua piora após 7-8 meses de idade, aponta para a necessidade de tratamento cirúrgico.

 

Fig.1: Quando se instila colírio de fluoresceína, pode-se perceber o escoamento natural do colírio no lado direito, mas no lado esquerdo estravasa para a pele devido à obstrução da via lacrimal desse lado. A lágrima estagnada ocasiona infecções.

Fig.1. Quando se instila colírio de fluoresceína, pode-se perceber o escoamento natural do colírio no lado direito, mas no lado esquerdo estravasa para a pele devido à obstrução da via lacrimal desse lado. A lágrima estagnada ocasiona infecções.

Quais são os tipos de tratamento?

1. Sondagem lacrimal:

É um procedimento que é realizado em ambiente hospitalar com a criança anestesiada e monitorada adequadamente. Resumidamente trata-se de abrir a membrana que não rompeu sozinha. No mesmo momento, o(a) médico (a) pode verificar se está havendo passagem da lágrima pela irrigação de líquido através da via.

Por que realizar sob anestesia e em hospital?

A criança deve estar imóvel para o procedimento que é muito delicado, qualquer movimento brusco pode desviar o canal lacrimal e causar complicações como sangramento, infecção e traumatismo nasal e lacrimal. Como há irrigação do canal, se a criança não estiver devidamente monitorada, esse líquido pode passar no nariz para traquéia e pulmões causando pneumonia grave.

A criança precisa ficar hospitalizada?

Não, ela repousa durante 2-3 horas para checar se está em boas condições e depois irá para casa.

2. Intubação lacrimal

Casos de crianças maiores, ou que já se submeteram à sondagem sem sucesso, tem indicação desse procedimento, que agrega em relação à sondagem, a colocação de um modelador da via lacrimal, geralmente silicone, para manter a via aberta durante o processo de cicatrização (4-12 semanas) Fig.2. A seta indica o tubo posicionado dentro do canal.

Fig.2.Tubo de silicone.

Fig.2. Tubo de silicone.

3. Dacriocistorrinostomia

É a cirurgia que se realiza quando o saco lacrimal estiver muito dilatado, ou nos casos de insucesso das duas cirurgias anteriores. Geralmente se indica para crianças acima de 3 anos. Resumidamente, consiste em se fazer um outro caminho para a lágrima, um atalho para a lágrima chegar ao nariz. Para que funcione, o osso lacrimal é aberto em cerca de 10 mm, para ligar o saco lacrimal na mucosa do nariz. Também se coloca um tubo modelador ao final da cirurgia.

O resultado é bom?

São excelentes, todos os procedimentos tem um alto índice de sucesso cirúrgico, que no entanto varia de acordo com a experiência do cirurgião.

Se deixar o tratamento cirúrgico para mais tarde, pode ter prejuízo?
Fig. 3. A vermelhidão e a secreção no olho direito mostram início de dacriocistite

Fig. 3. A vermelhidão e a secreção no olho direito mostram início de dacriocistite

Geralmente o problema do canal da lágrima não causa cegueira se não tratar. As conseqüências se refletem na qualidade de vida da criança que fica com os olhos “ramelentos” e com conjuntivites de repetição. Esporadicamente pode haver infecção aguda do saco lacrimal, a dacriocistite, onde a criança necessitará ficar internada para receber antibiótico endovenoso (fig.3).

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29
jun 2015

Catarata

postado em: Notícias
esquema_cristalino

A figura mostra um olho esquemático com catarata total.

O que é?

Geralmente ocorre por envelhecimento do cristalino, que é a estrutura do olho que permite focalizar a imagem na retina. O cristalino é transparente. Quando ocorre opacificação (catarata), a visão se torna borrada para longe e perto.

Outras  causas

Trauma ocular, diabetes, inflamações intra-oculares e infecções na vida intra-uterina podem causar catarata também.

Tratamento

A cirurgia é tratamento seguro para  remoção da catarata. A pessoa pode retornar às suas atividades  em poucos dias.

Geralmente o paciente é submetido à uma  sedação leve. O corte é pequeno na cornea, sem suturas. A cirurgia consiste na aspiração da catarata, liquefeita por facoemulsificação. É implantada então uma lente intra-ocular que corrige o grau necessário para a pessoa enxergar.

A recuperação é rápida, podendo retornar ao trabalho em alguns dias.

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22
abr 2015

Para que serve o Botox?

O Botox é uma marca registrada de um tipo de toxina botulínica, que é uma medicação produzida em laboratório e que tem efeito de paralisar a musculatura quando injetada localmente. No mercado brasileiro, existem ainda as marcas Dysport e a Prosigne.

A toxina botulínica foi utilizada clinicamente pela primeira vez por um oftalmologista, o Dr. Alan Scott para tratamento das distonias faciais (pessoas que ficam piscando o tempo todo, contraindo as pálpebras e os músculos da face, causando dificuldade no trabalho e no convívio social). A toxina tem sido considerada o tratamento de escolha para esses problemas.

O uso da toxina botulínica para tratamento das rugas começou na década de 90 e se popularizou muito, pois afinal é uma arma poderosa no tratamento dos efeitos do envelhecimento.Há diminuição das rugas da testa , glabela e área dos “pés de galinha.” O efeito da toxina botulínica é temporário, sendo que dura entre 3 a 6 meses,dependendo da pessoa. Não se aconselha a aplicação com prazo inferior a 3 meses pelo risco de desenvolvimento de resistência à medicação.

A aplicação da toxina deve ser cuidadosa, pois a aplicação incorreta pode causar diversos contratempos como a ptose palpebral (pálpebra caída) ou diferença na altura da sombrancelhas. É um tratamento médico, sendo que o procedimento deve ser realizado em consultórios ou clínicas com infra-estrutura, não é para ser aplicado em salões de beleza ou festas, sendo que somos contra a banalizalização do seu uso.

A toxina botulínica, quando indicada e aplicada criteriosamente se mostra como uma excelente ferramenta da Medicina comtemporânea.

Bibliografia:
Matayoshi S e Silva AB. Blefaroespasmo e outras distonias In Matayoshi S; Forno EA; Moura EM: Manual de Cirurgia Plástica Ocular. São Paulo, Ed. Roca, pp.127-34, 2004.

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22
abr 2015

Câncer de Pálpebra

A radiação ultravioleta do sol, além de alterar o código genético das células, inibe mecanismos de defesa que nos protegem contra o câncer da pele. Algumas das características do envelhecimento cutâneo, como as “casquinhas” e “asperezas” que aparecem com a idade no rosto, são lesões que podem vir a se transformar futuramente em um câncer da pele e devem ser tratadas.

Nos últimos dois anos temos observado um número crescente de casos de câncer de pálpebra, já em estado avançado, que nos procuram para tratamento. Muitos indivíduos, com câncer de pálpebra, por desconhecimento, esperam meses e anos pois o crescimento do tumor é lento e pode levar um tempo até a pessoa se conscientizar do problema.

Estima-se uma prevalência no Estado de São Paulo de 1 caso para cada 1000 habitantes.

As pessoas mais afetadas são as de pele clara, com exposição continuada ao sol, como no caso de trabalhadores rurais. Ocorre mais em indivíduos acima de 45 anos, mas a faixa etária de acometimento está baixando, sendo que temos observado pessoas de 25-30 anos com câncer palpebral.  Existe uma propensão familiar à doença também.

Sinais que podem sugerir um câncer da pálpebra:

  • Feridas que não se cicatrizam, ulceram e que sangram.
  • Nódulos ou inflamações tipo terçol/hordéolo, que não melhoram.
  • Perda de cílios e inflamação continuada da pálpebra.
  • Caroço que aumenta progressivamente de tamanho.

As neoplasias mais comumente encontradas na pele palpebral e associadas à radiação ultra-violeta são o carcinoma basocelular , o carcinoma espinocelular e o melanoma. O problema desse tipo de doença é que se o tratamento não for adequado ou muito tardio, pode levar ao comprometimento do olho, causando a cegueira, e até invadindo o cérebro por contigüidade.

O tratamento é cirúrgico, quanto menor o câncer, mais fácil a cirurgia e mais rápida a recuperação. A cirurgia consiste na retirada da lesão e concomitantemente a reconstrução da área operada para evitar deformidade. A estreita relação das pálpebras com os olhos torna este tipo de  cirurgia  muito delicada e especializada. A remoção completa do tumor deve ocorrer  com a preservação da visão e da função palpebral. Prevenção:
– Medidas para proteção cutânea palpebral da radiação solar:

  • Uso diário de cremes ou géis protetores solares, com FPS 15 ou maior ou produtos de maquiagem com protetor solar; a reaplicação deve ser periódica a cada 2-3 horas;
  • uso de óculos com filtro ultra-violeta, chapéu e  guarda-sol na praia e locais muito ensolarados;
  • evitar exposição direta ao sol entre 10 e 15 horas

Atenção para feridas e nódulos mesmo que pequenos que aparecem na pálpebra, caso estejam aumentando de tamanho, ou haja inflamação e perda de cílios, deve consultar um médico oftalmologista para diagnóstco precoce.

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